OBJETIVO 1 | Contribuir para a redução das vulnerabilidades sociais de adolescentes e jovens de São Miguel Paulista
OBJETIVO 2 | Contribuir para a ampliação da oferta e para a efetividade das ações voltadas ao desenvolvimento de São Miguel Paulista empreendidas pelo Estado, pela iniciativa privada e por outras organizações da sociedade civil

FÓRUM DE MORADORES DO JARDIM LAPENNA GERA REFLEXÃO SOBRE DEMANDAS DA REGIÃO


O ESPAÇO DE PARTICIPAÇÃO E DISCUSSÃO CONTRIBUIU PARA ELEVAR O NÍVEL DE CONHECIMENTO DA POPULAÇÃO LOCAL SOBRE QUESTÕES URBANAS E O ACESSO QUALIFICADO A EQUIPAMENTOS PÚBLICOS

Como articular os anseios e demandas de diferentes grupos da população, por vezes com necessidades e opiniões divergentes? Esse é um dos principais propósitos do Fórum de Moradores do Jardim Lapenna, que acontece no Galpão de Cultura e Cidadania. O Fórum conta com articulação da Fundação Tide Setubal e tem a função de dialogar com a comunidade, o poder público, parceiros e com o ativo de conhecimento existente na cidade, mas, acima de tudo, busca alinhar esses atores de modo a tentar organizar as demandas em processos que encontrem conexões e possam ser resolvidos de forma sistêmica.

Em 2016, o grupo deu continuidade a um processo de qualificação de sua participação política por meio do aprofundamento de seus conhecimentos sobre questões ligadas à cidade e ao território. Ao longo do ano, dois temas principais permearam o debate: a infraestrutura urbana da região, sobretudo no que diz respeito às moradias, e os problemas ambientais do território.

O bairro do Jardim Lapenna está localizado entre a linha do trem da CPTM e um terreno público onde há uma unidade de tratamento de efluentes da Sabesp, à margem do Rio Tietê. Parte desse terreno foi ocupada pela população local. Uma das questões centrais dessa ocupação diz respeito aos riscos ambientais associados às características topográficas do local, como a grande incidência de inundações. Após diversas enchentes ocorridas nos últimos anos, a população mobilizou-se para buscar soluções aos problemas da várzea do Tietê.

Um grupo de jovens do programa Intermídia Cidadã, realizado pela Fundação Tide Setubal, encabeçou o movimento e promoveu encontros e reuniões com os moradores e órgãos públicos. “Eles desenvolveram uma estratégia educativa para que as pessoas compreendessem os desafios do território, dialogaram com órgãos públicos e apresentaram contextualizações e análises do que descobriram”, diz José Luiz Adeve, coordenador do Núcleo de Comunicação Comunitária da Fundação.

Inspirada por essa atuação, a Fundação conduziu uma ação educativa de caráter sociopolítico-ambiental com 12 jovens de quatro territórios: Jardim Lapenna, União de Vila Nova, Jardim das Camélias e Jardim Helena. Batizado de Juventude, Atitude e Proceder no Território (JAP Território), o grupo realizou um estudo sobre a região da várzea, levantando informações sobre a bacia hídrica e histórias dos moradores. Os jovens ainda acompanharam as ações municipais referentes ao cumprimento das metas da cidade no que diz respeito às questões ligadas ao leito do rio.

Outra ação desencadeada pelo Fórum foi o Mutirão da Sucata. Após moradores trazerem ao grupo a questão do acúmulo de lixo no bairro, responsável por piorar o quadro dos alagamentos, surgiu a ideia de fazer um esforço coletivo para a limpeza do território e a conscientização da população sobre o descarte correto de resíduos.

Com apoio da Subprefeitura de São Miguel Paulista, que mobilizou diversos atores e serviços públicos, foram feitas intervenções nos sistemas de drenagem da região, como o desentupimento de bueiros. A população ainda ajudou no recolhimento de sucata e muita gente participou das discussões sobre o lixo. “Foi um bom momento para diagnóstico local”, afirma José Luiz Adeve, coordenador do Núcleo de Comunicação Comunitária da Fundação. “Identificamos que, mesmo as pessoas que vivem em locais sujeitos à inundação, muitas vezes não sabem onde descartar o lixo.”

O debate sobre urbanização local promovido pelo Fórum abordou também as condições de moradia do território e resultou em uma parceria com o negócio de impacto social Vivenda, que realiza reformas residenciais a baixo custo, melhorando não só a funcionalidade das casas como também a saúde dos moradores, pois aprimoram a ventilação dos cômodos e eliminam elementos causadores de doenças como mofo e bolor. A nova parceria dá continuidade a ações de reforma de moradias conduzidas anteriormente pelo Programa Ação Família com o apoio do Instituto Phy, permitindo a expansão do número de pessoas beneficiadas.

Parcerias e aprendizados

Pensando em fomentar a conexão do território com o que acontece na cidade e em influenciar o processo decisório da gestão pública, a Fundação promoveu a articulação dos atores locais com órgãos do governo e especialistas em questões ambientais e urbanísticas, muitas vezes em reuniões com caráter formativo, para que a comunidade possa entender como funciona a cidade e as tantas questões ambientais e urbanísticas que perpassam o cotidiano de quem vive na várzea do Rio Tietê, e o poder público possa compreender suas demandas e anseios. Ao longo de 2016, participaram de reuniões do Fórum representantes da Sabesp, Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee), especialistas em sistemas de drenagem da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) e da Escola Politécnica da USP (Poli-USP), membros da Sociedade Amigos do Jardim Lapenna e representantes do Instituto Alana, Renova São Paulo, Instituto Tomie Ohtake e ZL Vórtice.

Embora as ações do Fórum tenham enfrentado desafios como a descontinuidade da mobilização juvenil, os aprendizados e conquistas de 2016 foram muitos. O envolvimento de outras instituições locais e dos demais núcleos da Fundação Tide Setubal nas reuniões trouxeram ao Fórum de Moradores mais potência, legitimando-o como um espaço de articulação comunitária que pretende tirar o Jardim Lapenna da invisibilidade junto ao poder público, situação comumente vivida pelos bairros periféricos, principalmente em áreas limítrofes entre municípios.