OBJETIVO 1 | Contribuir para a redução das vulnerabilidades sociais de adolescentes e jovens de São Miguel Paulista
OBJETIVO 2 | Contribuir para a ampliação da oferta e para a efetividade das ações voltadas ao desenvolvimento de São Miguel Paulista empreendidas pelo Estado, pela iniciativa privada e por outras organizações da sociedade civil

POPULAÇÃO MOBILIZA-SE PELA MELHORIA DO TERRITÓRIO


A CONCEPÇÃO DE UM PLANO PARA O FUTURO DO JARDIM LAPENNA É FOCO DE DISCUSSÕES EM REUNIÕES COM INSTITUIÇÕES LOCAIS E DIVERSOS REPRESENTANTES LOCAIS

O que compõe um bairro bom para se viver? O que queremos para o futuro do Jardim Lapenna? Esses foram questionamentos presentes nas atividades conduzidas pela Fundação Tide Setubal ao longo de 2016 que buscaram contribuir para a construção coletiva e colaborativa de um plano que possibilitasse a integração de forças institucionais e comunitárias do bairro do Jardim Lapenna, voltado à valorização das potências existentes no local, o desenvolvimento sustentável e a redução de desigualdades.

Esse movimento nasceu no Galpão de Cultura e Cidadania, espaço comunitário com gestão da Fundação Tide Setubal que realiza diferentes ações voltadas para a comunidade, garantindo um ambiente de cooperação, respeito e valorização das potencialidades individuais e coletivas, suas origens e suas histórias de vida.

Ao enfrentar o desafio de pensar seu projeto político-pedagógico (PPP), ainda em 2015, a equipe de educadores e coordenadores do Galpão fez o exercício de pensar em novos conceitos de território e parcerias e mapear as potencialidades das relações com equipamentos e moradores do local, buscando não só a qualificação e ampliação de serviços públicos na região, mas também a possibilidade de incidir em políticas públicas. Para isso, foram analisados princípios e metodologias criadas ao longo dos anos pela Fundação Tide Setubal e ficou claro o potencial de ampliação do modelo de atuação da organização para fora do Galpão. Assim, surgiu a ideia da construção coletiva e colaborativa de um plano que possibilitasse a integração de forças institucionais e comunitárias do bairro, valorizando as potências existentes no local.

“Desenhamos um mapa do Jardim Lapenna e percebemos que ele está ‘isolado’ do restante do bairro de São Miguel Paulista, porque, de um lado, está a linha do trem, do outro, o rio; em uma lateral, a Rodovia Ayrton Senna e, na outra, um muro. No entanto, a configuração geográfica não impede que os atores da região trabalhem para contribuir com o desenvolvimento local e, normalmente, fazem isso em rede”, destaca Izabel Brunsizian, coordenadora do Núcleo Qualidade de Vida, que conduz com a equipe a criação do território.

Para concretizar essa proposta, foram conduzidas reflexões com a equipe de educadores, que pesquisaram modelos de bairros e territórios articulados para fins educativos, que visassem ao combate à desigualdade e buscassem melhoria da qualidade de vida. Na sequência, foram exploradas as particularidades do Jardim Lapenna, fundamentais para a construção de um território integrado.

A participação de diferentes atores nas discussões foi essencial para provocar, identificar e observar o sentimento que a comunidade expressa ao se deparar com a concepção de pertencimento ao território. Ao longo do ano, foram realizadas três reuniões com o intuito de alimentar o diálogo entre moradores e representantes de diferentes instituições locais. O primeiro dos encontros contou com cerca de 60 participantes e seguiu a metodologia do world café, no qual as pessoas circulam entre grupos e constroem ideias coletivamente. Entre os sonhos para o território estavam praças com mais opções de lazer, ruas mais arborizadas, um calendário cultural rico e o fortalecimento da comunicação entre diferentes grupos do bairro, com mais troca de experiências.

A segunda reunião teve como foco a reflexão sobre as potências do território e formas de dar visibilidade a elas. Para inspirar os participantes, o encontro contou com a presença do geógrafo Jaílson de Souza e Silva, criador do Observatório de Favelas, organização da sociedade civil baseada na favela da Maré, no Rio de Janeiro, que atua nas áreas de comunicação, cultura, educação, direitos humanos e políticas urbanas. Durante a conversa, Jaílson destacou a importância do olhar para o território. “As ações realizadas nos territórios não deveriam ser baseadas nos dados de vulnerabilidade, mas, sim, em índices positivos. Precisamos pensar em indicadores que mostrem o que estamos produzindo ”, afirmou.

A participação de Jaílson repercutiu positivamente junto aos participantes da reunião. “Saio daqui bem inquieta, com várias questões, mas muito confiante na capacidade do território de comunicar-se, de criar novas estéticas e, principalmente, de enxergar suas potências nas pessoas e nos equipamentos”, afirmou Claudia Rosalina Adão, assistente social do Centro Social Marista Irmão Justino.

O terceiro encontro manteve o mesmo formato de colaboração do primeiro e trabalhou as propostas levantadas na primeira reunião, classificadas pela equipe do Galpão em temas. Entre eles estão as relações comunitárias, tidas pelos moradores como importantes, assim como a relação do território com idosos, adolescentes e crianças. Além de levantar os desafios relacionados a essas questões, foram apontadas possíveis soluções.

Aprendizados

A possibilidade de dialogar com atores diferentes e engajá-los para percorrerem o mesmo objetivo foi considerada um desdobramento importante desse processo, pois permitiu avanços no desenho inicial de um bairro integrado, considerando os diferentes anseios dos moradores e baseando-se na noção de um pertencer coletivo, olhando conjuntamente para os problemas e os caminhos para a solução deles.

“Acredito que adotamos uma estratégia muito feliz de trabalho, pois ela nos mostrou que não há um detentor único do conhecimento”, diz Izabel Brunsizian. “Todos viram que as ideias devem ser discutidas entre os pares. Nesse processo, articulamos diferentes grupos presentes no território, permitindo com que eles olhassem mais para os outros e escutassem diferentes vozes, o que gera empatia. Isso colaborou também para a nossa aproximação junto a diferentes atores do território.”

Todas essas intervenções com a comunidade abriram ainda mais os horizontes da equipe da Fundação Tide Setubal e mostraram que as ações do Galpão e as atividades de implantação do conceito de um território integrado são ferramentas e exercícios para a elaboração do Plano de Bairro, um instrumento inserido no Sistema de Planejamento do Município, subordinado ao Plano Diretor da cidade. Esse será um dos desafios trabalhados pela Fundação em 2017.